21 fevereiro, 2011

um dia digo que sim

(...)
Eram essas confusões na minha cabeça que não me deixavam sequer raciocinar. Só pedia que por vezes estivesses ainda mais perto, de mim e de nós, para perceber o que era isso que tomava conta do meu cérebro, ou talvez do coração pois bem sabia que nunca o meu cérebro me deixaria sentir algo tão ridículo e irracional, demasiado para eu mesma entender. Era até reconfortante pensar que eu não era "essa", tal como tu não eras "esse", no entanto inútil pois em segundos a tua imagem regressava ao meu pensamento e teimava em ficar. Tentava abstrair-me com tudo o que me rodeava, música ou cigarros mas de pouco valia. Esse teu jeito cativava-me havia já muito tempo e o meu desespero por paz era quase evidente no sorriso que tentava esboçar. Devias estar aqui - pensava inconsequentemente, mas tino naquele momento era desnecessário, apenas os pensamentos loucos são verdadeiros. Vejo-te aproximar de mim e quase senti que o universo estava contra mim, karma ou não, quis retirar o pensamento inconsequente que ainda há pouco tivera. Mal dei conta estavas sentado do meu lado sem dizer uma palavra e por muito que tentasse obrigar o meu olhar a desviar-se de ti era capaz de ver que me olhavas fixa-me.
- O que foi?
- Nada, só queria olhar para ti-respondeste com um sorriso enquanto te levantavas e me forçavas a largar o muro onde estava debruçada. Queria sair dali para acabar com o tormento no meu peito. Seu coração cobarde, diz o que queres.

08 fevereiro, 2011

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07 fevereiro, 2011

angels fall first

já não conto mais os dias como se a tua partida tivesse sido apenas mais um percalço sem importância mas quem tenta agora ocupar o teu lugar facilmente percebe que muitas mágoas e cinzas ainda pairam em meu redor. continuo a culpar-te pelo que aconteceu, como sempre farei, porque foste tu quem deu razões ao mundo para te levar para longe de mim e não é justo que agora seja eu quem mais sofre com a tua ausência.
aceitei que te perdi, meu irmão, porque hoje sei que é mais fácil deixar-te ir do que puxar-te para um lugar onde não podes mais estar e por muito que a tua queda se torne cada vez mais evidente e preocupante não há nada que possa fazer senão deixar que a vida te ponha no caminho certo e te traga de volta à realidade a que estávamos acostumados.
irmão, meu sangue, o meu sorriso jamáis será igual.

02 fevereiro, 2011


o momento tinha chegado e era já impossível aguentar aquela horrível ansiedade. algo me sufocava, sentia um aperto nem sei bem onde, parecia estar por todo o lado como se o meu próprio corpo me culpasse pelo que acontecera. mas não era culpa minha, eu sei que não. culpa o coração, culpa o tempo, mas não a mim.
a maneira como me olhavas intimidava-me, conseguia sentir o medo que se apoderava de ti, o medo da minha decisão que tanto quanto sabias já estava tomada e que o meu orgulho não deixaria voltar a trás.
era tarde de mais para desculpas ou pedidos, ultrapassei o medo e a vontade de te deixar livre era forte o suficiente para não pensar no "depois". falei em poucos segundos e quase sem respirar enquanto contia as lágrimas com toda a força que tinha dentro de mim. 
estava quente, lembro-me bem, apesar de o sol já ter descido tanto que era quase impossível olhar para ti, no entanto permanecias absurdamente imóvel quando calmamente me perguntas-te se a minha decisão estava tomada, se era isso que realmente queria. consenti imediatamente com o olhar e voltei as costas, não iria arriscar olhar para ti pois sabia que reconhecerias uma réstia de insegurança em cada expressão da minha face.

conseguia ouvir-te chorar a escassos metros de mim e esperei que me ouvisses gritar em silêncio que as leis do universo seriam quebradas só para nos juntar numa próxima vida, prometo.

01 fevereiro, 2011

i can barely hold on

não sinto que esteja certo aquilo que estamos a fazer, não é certo dar esperanças a algo já tão desvanecido pelo tempo. esse tempo afastados que sempre dissémos ser bom, pois nos deixaria crescer, acabou por nos impedir de sentir algo que era nosso por direito, algo que tinhamos e que decidimos menosprezar. concordámos em deixar a paixão para trás pois o amor seria mais forte, mas hoje não consigo perceber se foi o melhor. não posso negar que te amo ou que te quero perto de mim mas o que vivemos agora está longe de ser o que deveriamos ter vivido. estamos presos a uma relação mais fria e racional, onde outro sentimento deu lugar à paixão que sentiamos. talvez essa paixão que não vivemos condene este amor que restou porque hoje sei que falta algo que não mais voltaremos a ter. as esperanças de um melhor futuro já há muito se tinham perdido, e por muito que tentemos e queiramos, o tempo não vai voltar atrás para nós.